sábado, 19 de maio de 2012

A estrada


Esta estrada onde moro, entre duas voltas do caminho,
Interessa mais q uma avenida urbana.
Nas cidades todas as pessoas se parecem.
Todo mundo é igual. Todo mundo é toda gente.
Aqui, não: sente-se bem que cada um traz a sua alma.
Toda criatura é única.
Até os cães.
Estes cães da roça parecem homens de negócio:
Andam sempre preocupados.
E quanta gente vem e vai!
E tudo tem aquele carater impressivo que faz meditar:
Enterro a pé ou a carrocinha de leite puxada por um
                                               [Bodezinho manhoso.
Nem falta o murmúrio da água, para sugerir, pela voz
                                                          [Dos símbolos,
Que a vida passa!Que a vida passa!
E que a mocidade vai acabar.

Manuel Bandeira

Um comentário:

@pecanti_ disse...

Parabéns pelo Blog, muito bom.