quarta-feira, 13 de março de 2013

Retrato


Retrato meu

            Quarto...
            Guardo...

No fundo

             Gaveta...
             Estreita...

Tudo cabe.
Onde abre,

       Maçaneta...

Não abre

              Puxa...
              Repuxa...

Invade

              Retalho teu
              Retrato meu

Apenas arde.

Duperron Carvalho

sexta-feira, 8 de março de 2013

Bilhete ao Sr. Moraes



Abro o livro de poemas e nele escureço
Nele anoiteço e nele ardo...
Leio da bomba, atônita, tonta
Bomba atômica.
Vem-me uma angustia...
No livro de poemas torno-me poesia
A paira pela noite insensata
A vagar nesse quase nada
Fujo nas baladas...
Na longa estrada da moça que mira o mar
Cântico sereno da estrela polar
Eu a vi também Perdida...
                                   A se humilhar.
Passeio pelo livro de poemas
Caminho sereno tranqüilo
Meu Vinícius eu pagarei o enterro e as flores
Viverei os tão loucos amores.
Silenciosos e brancos como a bruma.
Separo-me dessa dimensão
Como num soneto de separação
Vou-me com a loucura.
                                De repente.
Amanhã beijarei a aurora
Que fria e tímida não vai entender nada
Não me esqueço da rosa, da rosa.
                                               Estúpida e invalida.
Hora sou soneto, hora elegia
Alguns causam até medo, outros alegria.
Não ouso, não quero
Repouso sim lendo afigure...
Guio a arca de Noé dos teus versos
Fujo nela, também, embebendo-me na arte.
E namoro a noite como tu namoras as ruas
Encanto me em sonhos como se encanta as suas
Poéticas de homenagem...
Versos de passagem: dialética, o mosquito
Eu ouvi também o seu zumbido
Sussurrando: poesia, poesia, poesia.
É tarde agora bardo.
Minha alma tranquila já boceja
Numa minha carência
Fecharei teu livro de poemas.

Duperron Carvalho


domingo, 3 de março de 2013

sexta-feira, 1 de março de 2013

Baader-meinhof blues





Meio-dia



Bom, embora eu acredite que é preciso deixar esfriar o texto para que possamos ver o "quê" de sua arte, o ímpeto de dar vida a esse espaço me foi mais forte. Portanto, segue um poema " frio" , eu diria; sobre esse fevereiro medonho....

Meio-dia

       Talvez fevereiro

Se canse a tarde,
               
            Que vem bem sutil.

Talvez e quem sabe

                Depois....
                Amanhã.

Início de abril.
Depois de um mês
Mês santo? Não mais.

              Os santos faliram
              E o homem perdeu-se
                                No meio do mundo
              No abismo, no fundo

                                 De tudo o que há.

Então, fevereiro!
Já podes passar.

Duperron Carvalho

Serra do luar - Por Leila Pinheiro