sexta-feira, 8 de março de 2013

Bilhete ao Sr. Moraes



Abro o livro de poemas e nele escureço
Nele anoiteço e nele ardo...
Leio da bomba, atônita, tonta
Bomba atômica.
Vem-me uma angustia...
No livro de poemas torno-me poesia
A paira pela noite insensata
A vagar nesse quase nada
Fujo nas baladas...
Na longa estrada da moça que mira o mar
Cântico sereno da estrela polar
Eu a vi também Perdida...
                                   A se humilhar.
Passeio pelo livro de poemas
Caminho sereno tranqüilo
Meu Vinícius eu pagarei o enterro e as flores
Viverei os tão loucos amores.
Silenciosos e brancos como a bruma.
Separo-me dessa dimensão
Como num soneto de separação
Vou-me com a loucura.
                                De repente.
Amanhã beijarei a aurora
Que fria e tímida não vai entender nada
Não me esqueço da rosa, da rosa.
                                               Estúpida e invalida.
Hora sou soneto, hora elegia
Alguns causam até medo, outros alegria.
Não ouso, não quero
Repouso sim lendo afigure...
Guio a arca de Noé dos teus versos
Fujo nela, também, embebendo-me na arte.
E namoro a noite como tu namoras as ruas
Encanto me em sonhos como se encanta as suas
Poéticas de homenagem...
Versos de passagem: dialética, o mosquito
Eu ouvi também o seu zumbido
Sussurrando: poesia, poesia, poesia.
É tarde agora bardo.
Minha alma tranquila já boceja
Numa minha carência
Fecharei teu livro de poemas.

Duperron Carvalho


Nenhum comentário: