sexta-feira, 29 de junho de 2012

Recado a Manuel


Bandeira, te digo e tão simples:
A alma, eis a essência do amor.
Esqueces o corpo; ali, pura carne,
Matéria densa e vil, não traz-te mais nada,
Senão um enlevo efêmero.
Mas a alma, não...
Essa é desvelo da vida.
De sublimes gestos indescritíveis.
O amor não é corpo, Manuel;
É toda uma coisa que vibra
A uma frequência baixíssima...
                            Ínfima...
Que apenas se sente
Ebulir por entre os olhos
Quando se ama.
E a carne, nada tem com isso.
Só consuma a mera lascívia, que 
Sem antes nem depois, não existe.
Por isso insisto, Mestre.
Esqueces o corpo, o corpo é quem
Estraga o amor.

Duperron Carvalho

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